Para que possamos compreender os benefícios sociais e linguísticos que as Artes Plásticas nos oferecem e como podem ser usados, precisamos investigar seus recursos visuais utilizados para estabelecer a comunicação na sociedade. Inicialmente irei estabelecer algumas relações abrangentes da linguagem visual propriamente dita, porém estão fundamentados préviamente nas idéias dos autores mencionados na seção anterior do presente capítulo.
Tendo em conta a desvalorização das Artes Plásticas na sociedade atual, como grande fonte de conhecimento sócio-histórico-político-psicológico (MARCUSCHI, 2000), e sendo um dos maiores recursos da linguagem visual, com sua abrangência linguística e até mesmo literária, realizamos este trabalho para dar o devido mérito e esclarecer pontos importantes deste tema que recebe rejeição da maior parte do público, principalmente nas áreas acadêmicas a que deveria se estender, sendo minimizado pela desinformação ou desinteresse, em casos particulares ou coletivos.
Como os estudos de História da Arte de GOMBRICH (1999) e os estudos de muitos outros autores como KANDINSKY (1990) nos mostram, este campo das Artes traz uma conjuntura específica que abarca uma vasta área disciplinar, como a semântica, a semiótica, a linguística e outras disciplinas que dizem respeito ao estudo da linguagem, além da própria área artística, tão pouco difundida atualmente, mesmo estando presente nos diversos segmentos sociais, se em gráficos, imagens ilustrativas, logotipos e logomarcas, símbolos em geral, estampas, ou em qualquer atributo que represente de forma explícita ou implícita a linguagem visual.
Como este é o meio de comunicação mais antigo da humanidade, como mencionado por Gombrich (1999), acompanha os diversos processos históricos e literários, para finalmente compor uma “literatura visual”, com épocas e estilos mais antigos que a literatura tradicional. Esta compreensão é claramente aceita nas academias de Artes Plásticas, porém, ainda não é muito comum no meio linguístico-literário, especificamente nos cursos de Letras. Nas Universidades e Centros Universitários, onde se trata mais da linguagem escrita, sem considerar a sua base e origem principal que é a linguagem visual.
É de vital importância desmistificar o que é a “literatura visual”, representada ao longo da história por seus grandes mestres criadores e pelos seus estudiosos como: Dondis(1997), Chipps(1998), Fascioni (2001), Favaretto(2000), Fischer(1972), Gombrich (1999), Guimarães (2000), Harrison (1999), Kandinsky (1990), Santaella (2001), Tufte (2003), Bueno (2008), Brito (1992), Argan (1999) e Ades (1997), que transcreviam com uma linguagem através de imagens representativas o conhecimento que possuíam. Podemos citar como exemplo dos artistas plásticos: Jofra, Rafael, Miguel Ângelo, Leonardo Da Vinci e tantos outros que representam com honra e méritos a glória da “literatura Visual” no mundo. Podem-se acrescentar também alguns bastante conhecidos na Região do Cariri, região Sul do Ceará, também bastante conhecidos no meio artístico, como: Petrônio, Eugênia, Saulo, Luiz Karimai, Frank e Vidal, que já deixaram sua contribuição visual na história contemporânea. Com marcas históricas reconhecidas no exterior, sendo ainda muito pouco valorizados na própria pátria.
Segundo Bueno (2008), a “Literatura Visual” é o melhor termo a ser aplicado ao conjunto sequencial de obras de artes plásticas nos diversos períodos. Sendo que cada obra representa a história, o conhecimento, em forma de um texto expresso em telas e painéis, de uma determinada comunidade, de um povo, região ou nação, com suas características próprias e peculiares da cultura de onde provem e da época em que é criada. O interessante seria que fosse ensinada como tal nos centros de Ensino Fundamental e Médio, desde a tenra idade, para auxiliar o processo de aprendizagem e de educação de nossa época, como expões ADES (1997). Para ser ensinada não como uma parte da história distante dos alunos, de pessoas que já faleceram e lhes são estranhas, mas de uma forma didática e até mesmo lúdica, sendo que se encaixa perfeitamente de forma interdisciplinar. Os alunos podem estudar a química dos materiais, a matemática e a física das formas e movimentos, as histórias através de imagens e toda a linguagem visual em si, com um idioma universal das imagens. Assim, o aluno pode aplicar na prática o conhecimento teórico que possui sabendo o porquê e para quê do que está aprendendo e como funciona. É só uma questão de adaptação.
É importante salientar também que desenvolvendo a capacidade artística na comunicação ocorre um equilíbrio dinâmico e eficaz do hemisfério direito do cérebro que passa a relacionar-se melhor com o hemisfério esquerdo do cérebro com muito mais harmonia, atuando diretamente nas ondas cerebrais, produzido pela relação das diversas cores que possuem radiações próprias de acordo com suas combinações. Comprovado cientificamente e publicado em diversos artigos de revistas como a “Super Interessante” e “Veja”, informam que isso produz um grande avanço do indivíduo e da humanidade em geral por proporcionar o equilíbrio das ondas cerebrais (FISCHER, 1972).
Podemos comprovar esta teoria por meio de diversos experimentos como o Diagrama de Venn, o disco de cores, e o que é conhecido como “disco hipnótico”, que possuem espirais de cores no centro e que ao girar produz um efeito de acordo com a cor da espiral pintada no cento do círculo. Também são realizados experimentos que produzem ilusões de ótica no cérebro que variam o efeito de acordo com as imagens ou a cor, como olhando fixamente para bolinhas rosas por um tempo e afastando a visão para um ponto branco que se passa a ver bolinhas verdes onde é apenas uma superfície branca (KANDINSKY, 1990).
Estes estudos e experimentos nos ajudam a compreender os efeitos causados pelas imagens para produzir a comunicação visual que muitos artistas plásticos já compreendem e utilizam na composição de suas obras para produzir os efeitos comunicativos que querem expressar. Assim como os sons provocam diversas reações para um receptor também ocorre na linguagem visual, com as imagens.
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