3.1 Elementos de Composição de uma obra de Arte plástica
Como a linguagem visual se constitui do uso da imagem para se expressar uma ideia, e sendo uma forma de visualizar o pensamento, com a exteriorização deste, os elementos da linguagem visual são compostos pelos elementos da arte com os princípios do design. A estrutura da linguagem visual é composta por pontos, linhas, forma, cor, movimento, textura, padrão, direção, orientação, escala, ângulo, espaço e proporção.
Na linguagem visual é utilizada a teoria do design e da arte, os elementos de uma imagem representam conceitos em um contexto espacial, ao invés da forma linear usada para palavras. Assim, a fala e a comunicação visual são meios paralelos e geralmente interdependentes pelos quais seres humanos trocam informações.
Jacques Bertin, em seu livro de 1967, Semiologia Gráfica, nos apresenta o design de informação, com a teoria da semiologia gráfica. Esta teoria é considerada pelos grandes estudiosos desta área como “um quadro para a análise e representação de dados em papel. Foi fundada com a experiência de Bertin quando geógrafo e cartógrafo. Ele representa para a linguagem visual o que Saussure representa para a linguística geral. Segundo Edward Tufte (2003, s/p) este trabalho:
[...] prevê um estudo aprofundado de diferentes técnicas gráficas (forma, orientação, cor, textura, volume, tamanho) para localizar e sinalizar variações quantitativas, geralmente sobre o espaço geográfico ou ao longo do tempo. Existe também a análise de gráficos e tabelas de classificação de dados. O livro contém várias ilustrações produzidas por Bertin e seus colegas.
É importante destacar aqui também os elementos que compõem a linguagem visual, principalmente as artes plásticas. Entre eles estão a cor, textura, forma, ponto e linha.
Dentre estes elementos um dos que mais influencia no nosso comportamento e transmite mensagens e sensações distintas é a cor. Ela está bastante presente em nosso cotidiano e muitas vezes está ligada a significados simbólicos. As cores e tons possuem o poder de nos envolver tanto nos ambientes como nas coisas que conhecemos e as expressamos até mesmo nas roupas que usamos. As cores não interferem na composição do espaço, mas nas impressões que nos transmitem com sensações como: aconchego, sobriedade ou neutralidade, conforto, incluindo as sensações térmicas das cores quentes ou frias. Nas décadas de oitenta e noventa do último século e principalmente no século XXI, as imagens tiveram um grande avanço no espaço da comunicação, superando até mesmo as palavras, assim, acaba “devorando sua própria cria”, a escrita.
Outro elemento de grande importância na linguagem visual é a textura. Segundo Dondis (1997), a textura é o elemento visual que com frequência serve de substituto para as qualidades de outro sentido, o tato. Mas, na verdade, a textura pode ser apreciada tanto no tato como na visão, ou mesmo na combinação dos dois. Dondis afirma também que é possível que uma textura não apresente qualidades táteis, mas apenas óticas, como no caso das linhas de uma página impressa, dos padrões de um determinado tecido ou dos traços superpostos de um esboço. O autor expressa que as características táteis e óticas coexistem em uma textura real, não como tom e cor, unificados em um valor comparável e uniforme, mas de uma forma única e específica, que permite a mão e ao olho uma sensação individual, ainda que projetemos sobre os dois um marcante significado associativo. O aspecto de uma lixa, por exemplo, e a sensação que ela provoca tem o mesmo significado intelectual, mas não o mesmo valor.
São as experiências singulares que se sugerem em diversas circunstâncias. O julgamento do olho busca a comprovação através do tato, se é suave, ou somente o aparenta, se é um entalhe ou uma imagem em realce. Este é um dos recursos mais utilizados pela própria natureza, cujos predadores se utilizam até mesmo de camuflagens para enganar suas presas. Nós, como seres “humanos”, costumamos também nos utilizarmos destes recursos de texturas na linguagem visual. De certa forma, também acabamos tornando-nos predadores antropomórficos. Devoramos as imagens e ideias que encontramos presentes nas outras pessoas e as tornamos partes integrantes de nós mesmos. Devoramos as sensações que nos transmitem com os desejos que nos inspiram. Devoramos apenas com os olhos, que podem ver, mas não tocar, é uma ação abstrata de uma forma concreta.
A forma também é parte essencial na linguagem visual. Em Sintaxe da Linguagem Visual, Dondis (1997) relata que a linha descreve uma forma, na linguagem das artes visuais, a linha articula a complexidade da forma. Tudo se baseia nas três formas básicas: o quadrado, o círculo e o triângulo equilátero. Cada forma possui sua característica específica, com grande quantidade de significados, seja por associação ou vinculação arbitrária. Possuem significações também através da própria percepção psicológica e filosófica.
Segundo Gilbson (1951 apud SANTAELLA, 2001), a forma pode se referir a superfície curva de uma fêmea humana ou aos contornos de um torniquete, a um poliedro ou ao estilo de um jogo de tênis de um homem. O autor considera modo, figura, estrutura, padrão, ordem, arranjo, configuração, plano, esboço, contorno como termos similares sem significado distintos. Essa terminologia indefinida é uma fonte de confusão e obscuridade para filósofos, artistas, críticos e escritores. O autor faz delimitação com três significados gerais para termo “forma”:
1. A figura de um objeto em três dimensões;
2. A projeção de tal objeto em uma superfície chapada, seja pela luz do objeto, pelo ato humano de desenhar ou pela operação de construção geométrica de que são exemplos as imagens, pinturas, desenhos e esboços;
3. A forma geométrica abstrata composta de linhas imaginárias, planos ou de suas famílias.
Podemos, portanto, embora constituindo uma grande simplificação, definir “a forma como conservadora e o conteúdo como revolucionário”, de acordo com as ideias de Gilbson (1951 apud SANTAELLA, 2001).
O ponto constitui um dos elementos mais simples, porém indispensável. É a forma visual que serve para definir outras formas bidimensionais ou tridimensionais que pode dar a sensação de profundidade ou a ilusão de cor ou tom. “Quando fazemos uma marca, seja com tinta, com uma substância dura ou com um bastão, pensamos nesse elemento visual com um ponto de referência ou um indicador de espaço” (DONDIS, 1997).
Bueno (2008) considera que quando observamos, no céu imenso, um ponto de luz, ele nos chama atenção, logo direcionamos fixamente nossos olhos, e surge sempre um questionamento. No decorrer dos milênios e dos séculos os homens expressam este pensamento na contemplação dos astros e das estrelas, unindo os pontos de luz e atribuindo-lhes características de imagens a que associa, como os signos zodiacais, por exemplo. Em um plano branco, como um papel, por exemplo, buscamos um ponto para colocar como base para nossa visão. Um simples ponto já é o suficiente para nossa imaginação viajar e iniciar o processo de criação. É com o ponto que tudo começa: a Unidade universal em que tudo principia e a que tudo se reduz. Antes mesmo de iniciar um desenho ou esboço, o simples contato com a superfície do papel pelo lápis já produz um ponto, antes de qualquer outro movimento. Através dele também podemos obter diversos efeitos de luz, sombras, volume ou profundidade.
A linha se baseia no elemento do ponto, sendo que esta é uma cadeia de pontos. Os pontos possuem um grande poder de atração visual sobre o olho. Na natureza, nós encontramos mais as formas arredondadas, pois em estado natural, a reta e o quadrado são verdadeiras raridades. Na natureza, as formas retas estão quase sempre sobrepostas pelas curvas naturais ou estão quase imperceptíveis para a visão. As linhas retas, portanto, são características mais humanas, que representam a busca pela estabilidade e pela perfeição.
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