domingo, 12 de fevereiro de 2012

2.2 Conceito de Artes Plásticas e Linguagem Visual



Para estabelecermos uma base de estudos devemos antes verificar uma forma resumida do conceito de Linguagem visual e de Artes plásticas baseado em um dos sites de pesquisa enciclopédia mais acessados, a Wikipédia:

A linguagem visual é uma das primeiras formas de expressão humana, precedendo até mesmo a escrita. No princípio as figuras reais eram representadas de forma sintética, incorporando a linguagem, posteriormente a arte passou a ser uma cópia perfeita da realidade tridimensional. A pintura moderna é fruto da consciência de que a arte tem seus próprios padrões e de que a beleza é uma questão de linguagem e não da apropriação dos padrões da natureza. As artes plásticas ou belas-artes são as formações expressivas realizadas utilizando-se de técnicas de produção que manipulam materiais para construir formas e imagens que revelem uma concepção estética e poética em um dado momento histórico. O surgimento das artes plásticas está diretamente relacionado com a evolução da espécie humana. As artes plásticas surgiram na pré-história. Existem diversos exemplos da pintura rupestre em cavernas. Até os dias atuais há sempre uma necessidade de expressão artística utilizando novos meios. É nas artes plásticas que encontramos o uso de novos meios para a criação,invenção e apreciação estética. (Origem: Wikipédia, acessado em 24 de Outubro de 2011, às 21:00)

Como verificamos nesta exposição, as artes plásticas são expressões da linguagem visual com objetivos expecíficos de acordo com os indivíduos ou a época em que se expressa. Sendo modificada e alterada, passando por um longo processo de transformação, que acompanha todo o processo de evolução da humanidade. Torna-se até mesmo um dos fatores principais de humanização e civilização do ser humano, ocasionando um processo de sensibilização e aguçamento das capacidades mentais e dos instrumentos de percepção por meio dos sentidos, principalmente da visão.
De acordo com o processo de evolução que acompanha a humanidade, as artes plásticas, ou seja, a linguagem visual passou por um longo processo de evolução presente nas diversas culturas históricas e civilizações antigas e modernas. A arte em si já é um elemento transformador quando permite que o homem crie e dialogue com sua própria criação, que como tal também possui vida própria e o faz refletir em sua criações elementos transformadores de sua vida e dos demais em seu contexto sócio-histórico-político-psicológico.
Estão inseridas neste contexto diversas formas de expressão como artes plásticas, algumas bastante exóticas e peculiares. Porém, as mais comuns e aceitas pela maioria dos estudiosos são: desenho, pintura e escultura. Mas o conceito vai muito além destas formas básicas e diz que é a capacidade e talento de transformar qualquer material em algo apreciável e interessante, possibilitando, assim, estabelecer uma interação do homem com o universo em que vive, produzindo como consequência um autoconhecimento do criador através de sua criação.
Como os conceitos de Artes Plásticas são diversos, e variam conforme os autores, disponibilizamos aqui apenas alguns conceitos para servir de base para este trabalho de pesquisa:
Para Vasquez (1999, p.19 apud GUIMARÃES, 2000),

[...] a experiência estética ou a prática artística não são algo supérfluo, um adorno em nossa existência, mas sim um elemento vital em toda sociedade, uma necessidade humana que exige ser satisfeita; não será por isso um valor em si, mas sim o de um conhecimento de algo necessário para o homem; tão necessário que, ao longo dos séculos, encontramos a arte executando uma ou outra função nas sociedades mais diversas.

Não é demais asseverar que as artes plásticas durante muito tempo foram preconizadas como um elemento destrutivo para a sociedade, passando por censuras, ou até mesmo sendo considerado algo supérfluo ou simplesmente para adorno. Desta forma, grandes obras de arte valiosíssimas foram destruídas durante toda a história e o seu conteúdo perdido para sempre, deixando diversas lacunas na história destes registros tão preciosos, assim como foram destruídos diversos livros que também representariam grandes registros da história e cultura da humanidade. As artes plásticas no decorrer da história foram criadas para serem eternizadas. Isso pode ser verificado pela composição resistente de seus materiais, que resistiram em sua grande parte no decorrer dos séculos, e, muitas vezes, resistindo até mais que os livros convencionais.
A preocupação em eternizar as mensagens contidas nas obras de arte era tamanha que muitos artistas dedicavam toda a sua existência em suas criações. Muitos, como Leonardo Da Vinci, demoravam vários anos para concluir suas obras, podendo até desistir de seu trabalho por encontrar algum defeito. Era a busca incessante pela perfeição, a busca em aperfeiçoar o homem através do espelho das artes. Hoje, parte destes princípios iniciais foi perdida, entrando em decadência no início do período modernista com a introdução da arte moderna.
Apesar de muitos autores considerarem as artes plásticas como obras não-literárias, elas acompanham todo o período literário com as mesmas concepções das escolas de suas épocas. Todo o período histórico das artes e da literatura, aceita nas academias, com diversas interpretações, acaba provando o contrário de algumas concepções dos conceitos de Platão (427-347 a.C.):

[...] dizer que a poesia é imitação, para a teoria apresentada na República, é distanciá-la duplamente da verdade, pois em primeiro lugar está a verdade na idéia em si mesma de algo; se um artesão vislumbra esta idéia e produz um objeto, este é gerado a certa distância da verdade, e se um poeta canta nos seus versos este objeto, então ele está afastado mais ainda da verdade. O poeta, sendo imitador, é um artífice de segunda categoria, o mais afastado da verdade, próximo aos prestidigitadores e ilusionistas, porque não produz mais do que sombra das coisas. Isto é quase uma afronta ao senso comum dos gregos, que cultuavam seus poetas como os mais sábios dentre os homens, porta-vozes de seu panteão tradicional e do conhecimento das virtudes. Aristóteles herda de Platão a categoria de “arte mimética”, mas, ao menos no tocante ao que nós chamamos de artes literárias, ele está disposto a resgatar-lhes aquele valor arcaico tradicional de sabedoria e verdade. Já no que diz respeito às outras artes miméticas, as não literárias, Aristóteles, por omissão, as deixa no mesmo patamar em que sempre estiveram: ofício de artesão, atividade socialmente inferior, servil. Quando muito, o Filósofo faz uma distinção entre os mestres arquitetos e os que simplesmente obram com as mãos. Tal distinção ainda salva do total desprestígio alguém como Fídias, o arquiteto e mestre escultor dos monumentos da Atenas de Péricles. … Se Aristóteles chegou a enquadrar num mesmo gênero mimético as artes literárias e as artes plásticas, como certamente o fez Platão, não era por dar-lhes o mesmo “valor artístico”. A mímesis aristotélica é um contraponto à mímesis de Platão: ela não define o valor artístico (baixo), mas vem resgatar o valor de verdade. Se, para Platão, a imitação era o distanciamento da verdade e o lugar da falsidade e da ilusão, para Aristóteles, a imitação é o lugar da semelhança e da verossimilhança, o lugar do reconhecimento e, assim, da representação. (PINHEIRO, 2000 apud BUENO 2008)

Ao contrário do conceito platônico, muitos autores acreditam na idéia de que as artes plásticas se assemelham e muito com as demais obras consideradas literárias, pois além de possuírem os mesmos princípios das escolas literárias e acompanharem as mesmas características também possuem as mesmas concepções estilísticas. Por isso, além das artes plásticas serem enquadradas no âmbito da linguagem de tipo visual também podem ser classificadas em diversos seguimentos dos períodos histórico-literários, podendo assim também ser definida em uma literatura visual, classificada, assim, como obras literárias.
Assim como na classificação de V. Chklovski (1925), a arte é pensar por imagens, e se referindo, posteriormente, a poesia especificamente, as artes plásticas também se enquadram neste mesmo conceito, sendo constituídas de imagens essencialmente, e considerando todo o exposto no tópico anterior. Este argumento mais uma vez também classifica as artes plásticas como uma forma poética, levando-a mais uma vez para a classificação literária.
A arte permite ao sujeito experimentar, por meio dos seus sentidos, situações inusitadas. Coloca-o na condição de autor ou co-autor do processo de estruturação da consciência humana. Assim, possibilita ao sujeito a aproximação com a realidade humana e social, ao mesmo tempo em que oportuniza que se aproxime de si mesmo, sinta, compreenda e recrie num processo dialético. A obra possui “vida própria” e dialoga com o criador e com o fruidor num processo de constante criação que proporciona ao segundo consciência e apreensão do mundo (PEIXOTO, 2003).

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