segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS


6. CONSIDERAÇÕES FINAIS



Todo este trabalho de pesquisa me proporcionou um grande enriquecimento pessoal e profissional que poderei transmitir futuramente para os meus alunos. São experiências únicas que se pode comprovar na prática o resultado da aquisição de todo o conteúdo adquirido durante a formação acadêmica. Gostaria de destacar, antes de concluir, alguns pontos importantes e de bastante relevância na atualidade.
Na atualidade não se definem mais estilos artísticos nem períodos, como ocorriam na antiguidade. O que verificamos são tendências que se associam muitas vezes aos períodos antigos ou que fazem uma mistura destes ou simplesmente características completamente inovadoras. Isso ocorre na maioria das vezes devido ao grande avanço da tecnologia que busca a praticidade, mas que muitas vezes acaba extraindo o lado humano das coisas, assim como ocorre com a arte. Verificamos também, que unindo diversas tendências antigas a temas da atualidade de grande relevância, acaba tornando-se um texto visual em si de grande conteúdo.

Hoje, muita gente se pergunta o que é a arte e não a compreendem e verificam apenas o óbvio e superficial nas expressões de linguagem visual. Através destas pesquisas podemos perceber que o significado não está presente em dicionários ou enciclopédias, mas na explanação da experiência prática e individual para integrar um consenso coletivo. É isso que nos faz construir uma definição do que é linguagem visual, comportada em uma linguagem gráfica. Quando uma criança de quatro ou cinco anos rabisca com os dedinhos suspensos imagens de palmeiras, casas e faz seus primeiros rabiscos, e segue fazendo de carvão ou giz de cera nas paredes do seu quarto, o resultado são alguns beliscões ou repreensões de seus pais. Mas esta é a forma que o ser humano usa para descobrir o mundo em que se integra e compreendê-lo e a si mesmo. Em vez de se repreender uma criança com esta atitude, devemos buscar meios de incentivos para que ela desenvolva esta característica. O trabalho que realizamos aqui, foi como esta mesma criança que redescobre o mundo em que vive, se arriscando a levar beliscões para poder fazer novas descobertas.

Ao iniciar-se no desenvolvimento das artes plásticas como linguagem, com o passar do tempo se desenvolvem traços que se tornam cada vez mais indecifráveis e os mesmos passam a existir em quaisquer lugares: capas de revistas, folhas em branco de cadernos, na caderneta de anotações de alguém, na calça jeans sobre o próprio corpo, na palma das mãos, etc. Até que se passa a usar somente o papel branco e lápis preto. As figuras que ora se criam, mesmo que apenas em grafite, para o criador é uma forma de redescobrir-se e, assim, se apaixona por cada “obra”, principalmente quando se é criança. Geralmente aos sete, oito anos, passa-se a gostar simplesmente de cores isoladas: são florestas, montanhas cobertas por árvores, o imenso mar ao entardecer, enfim. Na adolescência as cores surgem como se explodisse um verdadeiro arco-íris. Tudo se transforma em sua vida. Muito mais cores ‘quentes’. O vermelho que fascina, misturado ao laranja, ao lilás, ao amarelo e todas se misturam e viram um emaranhado de graduações. Mas acaba-se desistindo de dar continuidade a esta veia artística por falta de um incentivo maior.

Muitas vezes pessoas aos 38 anos de idade percebem que desenho é música, é pensamento, é reflexão, é decisão! É construir através da imaginação, sem tijolos e cimento, um museu; é projetar figuras bizarras ou definidas, belas ou pitorescas; desenho é dar vidas aos sonhos, é voar sem asas; é rascunhar, planejar, concretizar seus afazeres, seus ideais, é ser artista! Nunca é tarde para desenvolver em si nenhum tipo de conhecimento ou técnica. Diversas pessoas percebem isso e procuram enveredar nas artes plásticas para sua comunicação e expressão como linguagem visual mesmo com uma idade já avançada. Pode-se constatar esta realidade observando uma turma de alunos de um curso de desenho e pintura, onde se verifica uma grande variedade de faixa etária e diversos graus e escalas de aprendizagem que independem da idade ou capacidade e sim do desenvolvimento próprio individual e coletivo.

Desta mesma forma, percebi a influência construtiva da arte sob a psique e sobre o próprio organismo humano. Assim, pessoas com deficiência física ou mental conseguem transcender suas debilidades, atrofias e adversidades ou qualquer adversidade natural ou desconhecida pela ciência oficial. A ciência antiga da terapia das cores, ou cromoterapia, estuda as influências que as cores exercem sobre a psique e o organismo humano. Não se trata de misticismos ou coisas sobrenaturais, são embasamentos científicos que já são usados como terapia, principalmente em clínicas e hospitais psiquiátricos.
A linguagem visual também passa pelo processo de revisão de conceitos. Pude verificar isso com a comparação de quadros de um mesmo autor como: A Persistência da Memória e A Desintegração da Persistência da Memória, de Salvador Dali (1931). Com esses exemplos chegamos ao conceito artístico de que nada que é criado é eterno, mas que pode provocar modificações contínuas ao longo do tempo estando sujeito às leis naturais de causa e efeito. Isso traz para o ser humano a ideia de quebra de dogmas e da recriação do novo que os conceitos podem se perder no tempo se não houver embasamentos em princípios fundamentais de construção do caráter humano.
Podemos concluir aqui que as Artes Plásticas podem ser fundamentalmente benéficas e construtivas na sociedade se receberem o devido método e forem utilizadas da forma adequada. Principalmente se for utilizada na área de ensino. Não apenas nas aulas de arte-educação, mas como um recurso de auxílio dinâmico que venha auxiliar de forma didática no processo de ensino-aprendizagem, auxiliando até mesmo na memorização e na absorção de conteúdos didáticos e para-didáticos de alunos de ensino infantil, fundamental e médio.
As Artes Plásticas não devem permanecer isoladas em museus, protegidas dos olhares do público geral, do povo. Elas devem estar em todos os âmbitos da arte onde todos possam contemplá-la, devem estar instauradas nas mentes e nos corações dos indivíduos com todos os seus preceitos e princípios para que possa haver uma transformação positiva e significativa da sociedade e da realidade inteira, não apenas de alguns focos e casos isolados. É isso que todos os artistas buscam: que o mundo inteiro compreenda sua forma de pensar e seu ponto de vista, para que assim possam transformar a realidade positivamente e libertar-se da mecanicidade das impressões. Tudo o que existe se expressa no ser humano através das experiências adquiridas ao longo do tempo e do espaço e, assim, ele busca expressar por meio das diversas formas de linguagem com maior ou menor sucesso. Nas Artes Plásticas como linguagem visual não se trata de ingressar em uma profissão com base na arte e na expressão artística e sim ingressar em um meio de vida e expressão como forma de linguagem que se baseia na arte como forma, meio, princípio e como procedimento.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe seu comentário!