No final do século XI, a Europa, enfrentava uma profunda crise econômica e vivia um momento de estagnação sócio-cultural. O Cristianismo encontrava-se tumultuado e dividido; esse clima tenso era propício para guerras e disputas internas que só colaboravam para o agravamento da situação.
O novo Sumo Pontífice a ocupar o Trono de São Pedro, Urbano II, eleito papa em 1088, revelou-se, muito além daquelas qualidades e funções cabíveis ao suposto representante de Deus na terra, um notável político e excelente articulador. Um dos sonhos da Igreja da época, e de Urbano II, era retomar a cidade de Jerusalém, cuja posse estava nas mãos dos "infiéis do islã" havia mais de quatro séculos, desde o ano 638 d.C., quando fora tomada pelo exército muçulmano. Além da importância histórica para os cristãos da própria cidade em si, os supostos tesouros ali encerrados, havia também por parte de toda a alta hierarquia do clero, o desejo de "unificar" cristãos ocidentais e orientais sob o jugo único do pontificado Papal. Esses eram motivos mais que suficientes para justificar uma empreitada a terra santa. A habilidade política do Papa Urbano II conquistou a submissão espiritual de praticamente todos os cristãos ocidentais, fazendo com que parte da Europa entendesse que havia uma necessidade premente e divina de se recuperar aquilo que, por direito, pertencia aos cristãos. E desta forma foi articulada a Primeira Cruzada, cujo divino objetivo era "devolver a Deus o que era de Deus". Teve início a Primeira Cruzada, e assim Jerusalém viria a cair sob domíínio cristão ocidental. Estava inalgurada a era das "guerras santas". As peregrinações, naquela época, eram costumeiras entre os europeus, principalmente entre os cristãos, sendo uma atividade abençoada e encorajada pela Igreja e pelo Papa. Um dos caminhos de maior importância, senão o mais importante, era justamente aquele que conduzia os peregrinos à Terra Santa, ou seja, Jerusalém. Esse caminho, contudo, não era seguro, deixando os que nele se aventurassem a toda sorte de bandidismo, assaltos, etc., e mesmo à morte. Alguns anos após a queda de Jerusalém, em 1118, nove Cavaleiros então, liderados por Hughes de Payens, todos veteranos da Primeira Cruzada, se reuniam para prestar um nobre serviço ao reino cristão e fundaram a Ordem dos Cavaleiros de Cristo, tomando o tríplice voto de Castidade, Pobreza e Obediência, dedicando suas vidas, dali até a morte, à proteção dos peregrinos e à garantia do Reino de Cristo. O então novo Rei de Jerusalém, Balduíno II, que sucedera seu primo Balduíno I, logo viu na atitude dos nobres e valorosos cavaleiros algo de grande valor e importância. A título de reconhecimento e confiança, cedeu-lhes terras e construções para que lhes servissem de acomodação e base. As terras eram situadas no local onde supostamente havia sido construído o famoso Templo de Salomão. Não tardou e os "Pobres Cavaleiros de Jesus Cristo" passaram a se denominar de "Cavaleiros do Templo de Salomão", ou simplesmente de "Cavaleiros Templários" e, assim nasceu a "Ordem do Templo", cuja denominação completa era: "Ordem dos Pobres Cavaleiros de Cristo e do Templo de Salomão".
Conta uma lenda, que os Cavaleiros Templários, teriam encontrado no Templo de Salomão, documentos e tesouros que os tornaram poderosos. Segundo essa lenda, dentre os tesouros estaria o próprio "Santo Graal", o cálice onde fora recolhido o sangue de Jesus Cristo na cruz, e o mesmo que fora usado na última ceia.
A Ordem do Templo, tornou-se, nos séculos seguintes, numa instituição de enorme poder político, militar e econômico. A sua divisa era: " Non nobis Domine, non nobis, sed nomini Tuo da gloriam ! ", o que significa: " Não por nós Senhor, não por nós, mas para a glória de Teu nome! "
De forma rápida a Ordem ia crescendo, tanto política quanto economicamente. Estavam diretamente sob a autoridade papal, e, portanto, sem responsabilidade para com qualquer Rei ou nação. Passaram a possuir terras, castelos e muito dinheiro. Tamanha se tornara a sua força que mesmo Reis e Príncipes passariam a confiar toda fortuna que possuíam à sua guarda. Muito da riqueza Templária advém disto, pois boa parte dos bens conferidos à guarda Templária, quer por um motivo ou outro, jamais retornaria às mãos de seu dono original. Mas o início do século XIV encontraria uma Europa bem distinta daquela de duzentos anos antes. As derrotas do exército cristão, no oriente, impunham um definitivo cessar da era das grandes cruzadas. Não havia mais terras santas a serem defendidas e a idéia de Ordens Militares logo tomaria ares de anomalia, visto não mais haver necessidade de sua principal função: a proteção dos peregrinos. Nessa época, reinava na França, Felipe IV, cognominado Felipe o Belo. Implacavelmente coerente em seus atos, realçando os aspectos sacerdotais de um monarca, Felipe IV, transformara-se em uma espécie de semideus, conduzindo seu reinado com mão de ferro. Felipe, como parte de um maquiavélico plano, tentara fazer parte da Ordem do Templo. Mas, para sua ira, seu pedido de ingresso lhe fora negado. A história, repleta de exemplos de Reis dominados pela Igreja e por Papas, teve em Felipe, o Belo, justamente o oposto. O quadro clérigo da época destacava-se, não pela presumida divina representação terrena de Deus, atribuída a Santa Igreja Católica, mas pelas fortes disputas internas por posições de destaque político dentro do corpo eclesiástico. Felipe, bem consciente deste fato, marcou um encontro secreto com um certo arcebispo, nas ruínas de um mosteiro em plena floresta. Nesse encontro, propõe fazer do inexpressivo arcebispo, Papa, em troca de seis favores, dos quais um, só lhe seria revelado após a eleição. Felipe acertara em cheio na sua escolha. Assim, sob sua influência, um sujeito fraco e ganancioso, o Arcebispo Beltrão de Got, subia ao Trono de São Pedro como Papa Clemente V, em novembro de 1305. O favor oculto devido a Felipe por Clemente V, só um papa poderia fazê-lo, pois os Templários não estavam submissos a mais ninguém. Era a dissolução da Ordem dos Templários e Clemente V seria o instrumento de Felipe, o Belo. Felipe, no intuito de elaborar um plano de ação contra os Templários, fez-se infiltrar na Ordem através de vários agentes. O fim da Ordem do Templo estava desencadeado. Em uma sexta-feira, 13 de outubro de 1307, Jacques de Molay e cerca de cinco mil Templários, quase todos aqueles existentes na França, foram encarcerados pelos homens do Rei Felipe, o Belo. As acusações mostravam heresias as mais diversas, a maioria destas sendo bem comuns aos cotidianos processos movidos pela Santa Inquisição: negação do Cristo, blasfêmia contra Deus, homossexualismo, idolatria ( adoração de Baphomet ), conluio com os infiéis do islã, etc. O processo de inquisição contra os Templários continuou por sete anos. Seu ápice ocorreu em 18 de março de 1314, quando o último líder dos Templários, Jacques de Molay e Geoffroy de Charnay, foram arrastados à morte na fogueira da Santa Inquisição.
A lenda nos diz que, em meio as chamas, pouco antes de morrer, ouviu-se a voz de Jacques de Molay, o último Grão Mestre Templário, intimando seus três algozes: O papa ClementeV, Guilherme de Nogaret (Guarda-Selos do reino) e o Rei Filipe, a comparecer diante do tribunal de Deus, e amaldiçou os seus descendentes. Segundo a lenda, foram essas as suas últimas palavras:
"NEKAN, ADONAI !!! CHOL-BEGOAL !!! PAPA CLEMENTE... CAVALEIRO GUILHERME DE NOGARET... REI FILIPE: INTIMO-OS A COMPARECER PERANTE O TRIBUNAL DE DEUS DENTRO DE UM ANO PARA RECEBEREM O JUSTO CASTIGO. MALDITOS! MALDITOS! TODOS MALDITOS ATÉ A DÉCIMA TERCEIRA GERAÇÃO DE VOSSAS RAÇAS!!!" Se isso é ou não verdade, não se pode afirmar. Contudo, Clemente morreu trinta e três dias depois e o Rei Felipe, o Belo, o seguiu em pouco mais de seis meses. Aceita ou não, esta Lenda do último Grão-Mestre da Ordem do Templo - Jacques De Molay, as mortes e o próprio mito que cercou os Cavaleiros Templários, permanecem um mistério.
O rei Filipe tentou tomar posse dos tesouros dos templários, no entanto quando seus homens chegaram ao porto, a frota templária já havia partido misteriosamente com todos os tesouros, e jamais foi encontrada. Os possíveis destinos dessa frota seriam Portugal, onde os templários seriam protegidos; Inglaterra, onde se refugiaram por algum tempo, e Escócia onde também puderam permanecer com bastante segurança.
Após a aniquilação dos Templários na maior parte da Europa, a Ordem continuou em Portugal, como a Ordem de Cristo ( da qual o Infante D. Henrique foi Grão-mestre ). A Ordem de Cristo herdou todos os bens dos Templários portugueses e desempenhou um papel fundamental nos Descobrimentos. Na Escócia, a Ordem do Templo contou com a proteção de Robert Bruce Stuart (Roberto I Rei da Escócia) e gozou de liberdade suficiente para continuar suas atividades sem ser incomodada pela inquisição da Igreja Católica. Seus membros ingressaram nas fraternidades maçônicas e em 1314, Robert Bruce e Johan Marcus Larmenio, considerado sucessor de Jacques de Molay, fundam a "Loja dos Maçons Livres e Aceitos do Rito Escocês". Os Templários sobreviveram nos rituais maçônicos, especialmente no "Rito Escocês Antigo e Aceito" e também na "Ordem DeMolay".
Atualmente, os Templários estão presentes em diversos países, onde se dedicam à atividades em prol do bem-estar moral e material da civilização e progresso do ser humano. Propugnam a ajuda a orfanatos, o amparo à velhice e às crianças desamparadas, o estímulo moral e material às ciências e às artes em geral.
Sendo uma ordem de caráter ecumênico, não faz distinção de raça, credo, nacionalidade e de estirpe, respeitando em qualquer caso, as leis e as tradições de todos os povos e de todos os países por onde estende suas atividades. Non Nobis Domine, Non Nobis, Sed Nomini Tuo da Gloriam! ( Não por nós Senhor, não por nós, mas para a glória de Teu nome! ) |
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segunda-feira, 9 de abril de 2012
Os Templários
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