O Hinduismo não é propriamente uma religião, mas sim a denominação de um conjunto de princípios, doutrinas e práticas religiosas politeistas que surgiram na India, a partir de 2000 a.C. O termo ocidental é conhecido pelos seguidores como "Sanatana Dharma", que em sânscrito significa: "a ordem permanente". O Hinduismo está fundamentado nos quatro livros dos Vedas (conhecimento), um conjunto de textos sagrados compostos de hinos e ritos, no Século X, denominados de Rigveda, Samaveda, Yajurveda e Artharvaveda. Estes quatro volumes são divididos em duas partes: uma (exotérica) que trata dos trabalhos rituais e outra (esotérica) que versa sobre o conhecimento ou especulações filosóficas, também chamada de Vedanta. A tradição védica surgiu com os primeiros árias, povo de origem indo-européia (os mesmos que desenvolveram a cultura grega) que se estabeleceram nos vales dos rios Indo e Ganges, por volta de 1500 a.C.
As características principais do hinduísmo são: o politeísmo, o ioga, a meditação e a reencarnação. Estima-se que atualmente existam mais de 660 milhões de adeptos em todo o mundo, com um panteão de 33 milhões de deuses e 200 milhões de vacas sagradas. Todo gado existente na India, alimentaria sua população por cinco anos, entretanto, a fome é devastadora no país por causa da idolatria.
Os historiadores citam a Índia como o berço do Bramanismo, uma das mais antigas religiões que deu origem ao hinduismo e que de certa forma se confunde com esta. A doutrina bramânica, nos seus primórdios, compunha-se de postulados esparsos, sem qualquer ordenação e era transmitida oralmente através de cânticos. Cerca de 14 séculos a.C., um sábio brâmane recebeu o nome de Vyasa (compilador) por seu trabalho, e ordenou adequadamente a religião brâmane. A sua fixação, entretanto, só ocorreu por ocasião do surgimento da escrita na Índia, entre os séculos IX e VIII a.C.
Os ensinamentos védicos, escritos em sânscrito, passaram a constituir os Vedas ou Livros do Conhecimento Sagrado, a obra religiosa mais antiga de que se tem notícia. Rigveda, o mais conhecido dentre eles, consta de hinos de aparência simplesmente devocional, mas que encobrem o segredo da Criação. Apenas os sacerdotes e iniciados distinguiam a verdade escondida sob o véu das alegorias. Sua doutrina original pode ser resumida em cinco princípios básicos, dos quais decorrem as demais diretrizes: 1 - Um Deus Único com Tríplice Manifestação (Trindade Divina: Brahma, Vishnu e Shiva). "O Ser Supremo se imola a Si próprio e Se divide para produzir a Vida Universal". 2 - A Natureza Eterna do Mundo "Ele sempre foi e sempre será. O mundo e os seres saídos de Deus voltam a Ele por uma evolução constante". 3 - A Reencarnação "Há uma parte imortal do homem que é aquela, ó Agni, que cumpre aquecer com teus raios, inflamar com teus fogos. De onde nasceu a Alma? Umas vêm para nós e daqui partem, outras partem e tornam a voltar". 4 - O Karma "Se vos entregardes aos vossos desejos, só fareis condenar-vos a contrair, ao morrerdes, novas ligações com outros corpos e outros mundos". 5 - O Nirvana "Estado de não desejo". O mais puro e íntegro da alma, livrando-a em definitivo da roda das encarnações. Considerado o coroamento da Perfeição. As Escolas Iniciáticas demonstravam cabalmente, na teoria e na prática, a relevância de alcançar o Nirvana, para se chegar a Deus. Para atingir essa condição, o Ego precisa se libertar de todos os desejos, mesmo os originados de sentimentos bons e altruístas. O Nirvana é um estado de consciência tão íntegro que toda doação é prestada naturalmente e não em decorrência de inclinação sentimental.
Segundo o hinduísmo, o caminho para o nirvana, passa pelo ascetismo (doutrina que desvaloriza os aspectos corpóreos e sensíveis do homem), pelas práticas religiosas, pelas orações e pela prática do ioga. Assim, o adepto alcança a "salvação", escapando dos ciclos da reencarnação.
Para o Hinduismo, os Vedas contêm as verdades eternas reveladas pelos deuses e a ordem (dharma) que rege os seres e as coisas, organizando-os em castas como conseqüência do Karma, pela qual o indivíduo por comportamento de vidas anteriores, renasce em determinada posição social, sofrendo os efeitos decorrentes dessa circunstância. Cada casta possui seus próprios direitos e deveres espirituais e sociais e a posição de cada homem em determinada casta é definida pelo seu Karma. De acordo com essa crença, o objetivo é superar o ciclo de reencarnações (samsara), atingindo assim, o nirvana, a sabedoria resultante do conhecimento de si mesmo e de todo o Universo. A maior esperança de um hinduísta é chegar no estágio de se transformar no inexistente. Vir a ser parte deste deus impessoal, do universo. O cerimonialismo enriqueceu-se notavelmente sob a direção dos brâmanes. Os cultos adquiriram poder mágico. As idéias de samsara ( transmigração das almas ou reencarnações sucessivas ) e karma (lei segundo a qual todo ato, bom ou mau, produz conseqüências na vida atual ou nas encarnações posteriores) surgiram nessa época, assim como as especulações filosóficas sobre a origem e o destino do homem. O sistema de castas converteu-se na principal instituição da sociedade indiana. De acordo com os Vedas, Brahma teve quatro filhos que formaram as quatro castas originais: Brâmanes(saídos dos lábios de Brahma), são os sacerdotes considerados puros e privilegiados; os Xátrias(originários dos braços de Brahma), são os guerreiros; os Vaicias (oriundos das pernas de Brahma), são os lavradores, comerciantes e artesãos; e Sudras (saídos dos pés de Brahma), são os servos e escravos. Os Párias são pessoas que não pertencem a nenhuma casta, por terem desobedecido leis religiosas. Estes não podem viver nas cidades, ler os livros sagrados nem se banharem no Rio Ganges. Apesar de ser um preceito bastante antigo, o sistema de castas, não fazia parte do corpo doutrinário original. Constitui um adendo incluído em remotas épocas, pela mãos dos brâmanes e que se tornou a principal instituição da sociedade indiana. Este sistema, atualmente rejeitado pela maioria dos reformadores do hinduismo, constitui uma tese a ser discutida, demonstrando a pequenez do ser humano, razão pela qual deve ser extinta, pois existem inúmeras maneiras de a Lei ser exercida, sem o agravamento maior imposto pela sociedade. A aceitação da divisão em castas significaria o mesmo que aprovar a escravidão, já que seriam escravos apenas os que construíram, em vidas passadas, as causas que ocasionaram esse efeito. Fica exposta a tese para que cada um escolha a que mais lhe esteja de acordo. Para o Hinduismo, o mundo físico é uma ilusão designada Maya, no mundo tridimensional, o homem e sua personalidade não passa de um sonho. Para se ver livre dos sofrimentos ( pagamento daquilo que foi feito na encarnação passada ), a pessoa deve ficar livre da ilusão da existência pessoal e física. Através da prática do ioga e da meditação transcedental, o adepto pode transceder este mundo de ilusões e atingir a iluminação, a liberação final. O hinduísmo ensina que o ioga é um processo de oito passos, os quais levam a culminação da pessoa transcender ao universo impessoal, no qual o praticante perde o senso de existência individual.
Sem abandonar as divindades registradas nos Vedas, os brâmanes, estabeleceram Brahma ( em sânscrito, "o absoluto" ), como a divindade principal da ( Trimurti ) tríade hindu, integrada por: Brahma, Vishnu e Shiva. Brahma é a manifestação antropomórfica do brahman, o princípio criador, a "alma universal", o ser absoluto e incriado, mais um conceito de totalidade que envolve todas as coisas do que propriamente um deus.
Tudo é deus, deus é tudo: o hinduísmo ensina, como no Panteísmo, que o homem está unido com a natureza e com o universo. O universo é deus, e estando unido ao universo, todos são deuses. Ensina também que este mesmo deus, é impessoal. Muitos deuses adorados pelos hindus são amorais e imorais. Por serem várias as divindades no hinduismo, citaremos apenas as mais significativas: Agni é o pai dos homens, deus do fogo e do lar. Indra rege a guerra. Varuna é o deus supremo, rei do universo, dos deuses e dos homens. Ushas é a deusa da aurora; Surya e Vishnu, regentes do sol; Rudra e Shiva, da tempestade. Animais como a vaca, rato, e serpentes, são adorados por serem possivelmente, a reencarnação de alguns dos familiares. Existe três vezes mais ratos que a população do país, os quais destroem um quarto de toda a colheita da nação. O rio Ganges é considerado sagrado, no qual, milhares de pessoas se banham diariamente, afim de se purificar. Nos cultos védicos, os pedidos mais solicitados aos deuses são vida longa, bens materiais e filhos homens. Muitas mães afogam seus filhos recém-nascidos, como sacrifício aos deuses. O Bramanismo, posteriormente conhecido por hinduísmo, exotericamente desenvolveu-se, sofreu modificações, foi adulterado e, com o passar dos tempos, entrou em decadência, como é usual acontecer com as religiões. A sua essência esotérica, no entanto, continua inalterada e preservada pelos Mistérios, praticados em santuários da Índia. |
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segunda-feira, 9 de abril de 2012
Hinduismo
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